Como o sincretismo na Umbanda conectou santos católicos e orixás, ganhou ruas e terreiros, e hoje passa por revisões que reforçam identidades e práticas de caridade
A relação entre santos católicos e orixás foi resposta a perseguições, e virou marca da religiosidade brasileira. Esse encontro moldou rituais, festas populares e formas de devoção nas cidades.
Na Umbanda, o sincretismo ajudou terreiros a existir, mas também abriu debates sobre identidade e tradição. Hoje, a pauta volta com força, com olhares críticos e com práticas de conciliação.
Este guia explica origens, exemplos e debates sobre sincretismo na Umbanda, e como ele dialoga com o culto às entidades. As informações foram reunidas, conforme a fonte fornecida.
Como nasceu o sincretismo
Durante o período colonial, populações africanas e seus descendentes foram forçadas ao catolicismo. Para proteger seus deuses, associaram orixás a imagens de santos, em festas e altares públicos.
Essa estratégia manteve o culto, criou pontes culturais e consolidou o sincretismo religioso. O resultado foi uma linguagem comum, com símbolos, calendários festivos e práticas de devoção compartilhadas.
Com o tempo, a Umbanda, religião brasileira, incorporou essa herança. Nasceu urbana, dialogou com o catolicismo popular e com o espiritismo, e deu centralidade à caridade e ao atendimento mediúnico.
Iemanjá, Ogum, Oxóssi e os santos
Iemanjá foi associada a Nossa Senhora dos Navegantes e a Nossa Senhora da Conceição, pela ligação com o mar e a maternidade. Festas de fevereiro tornaram essa expressão do sincretismo na Umbanda visível.
Ogum, orixá da guerra e dos caminhos, foi ligado a São Jorge, muito popular no Rio. Já Oxóssi, caçador e fartura, se conectou a São Sebastião, pela flecha e pela ideia de proteção da cidade.
Essas equivalências não são identidades completas, são chaves de leitura. O orixá mantém seus fundamentos, e o santo católico funciona como espelho cultural, acessível em espaços públicos e domésticos.
Entidades de Umbanda, caridade e identidade
Na Umbanda, o culto aos orixás convive com o trabalho das entidades, como Pretos Velhos, Caboclos, Marinheiros, Exus e Pombagiras. Eles orientam, acolhem e cuidam, em sessões de caridade.
As entidades não são santos católicos, nem deuses, são espíritos que expressam arquétipos e memórias do povo. Essa prática reforça uma identidade brasileira, urbana, plural, aberta ao diálogo.
A confusão entre Exu e figuras demonizadas veio de leituras coloniais. Na Umbanda, Exu e Pombagira atuam com ética e responsabilidade, abrem caminhos e equilibram demandas nos terreiros.
Ressignificações contemporâneas e tensões
Muitos terreiros revisitam o sincretismo na Umbanda. Alguns retiram imagens de santos, fortalecem a matriz afro, e distinguem claramente orixás e santos, em projetos de decolonização religiosa.
Outros mantêm as imagens como ponte pedagógica, por respeito à tradição familiar e pelo diálogo comunitário. Em ambos os casos, a ênfase recai na ética, na caridade e no acolhimento cotidiano.
O debate atual busca evitar apagamentos, reconhecer violências históricas e valorizar saberes negros e indígenas. A pluralidade mostra uma Umbanda viva, diversa, criativa e em constante ressignificação.
